A parentalidade atípica abrange os pais cujos filhos têm condições físicas ou neurológicas diferentes do padrão biológico.
A parentalidade atípica
Cada família tem uma trajetória única e criança é singular. A chegada de um bebê é um momento marcante na vida de qualquer casal. Os filhos trazem mudanças, desafios e nos levam a repensar a vida. Compreender a realidade e as necessidades das famílias com crianças neurotípicas ou neurodivergentes é o primeiro passo para promover ambientes acolhedores e inclusivos.
Além de enfrentar os cuidados básicos que todo recém-nascido demanda, como alimentação, higiene e sono, esses pais também são confrontados com outras realidades decorrentes do diagnóstico, tornando o desafio ainda maior.
Um exemplo é o Murilo Machado, Defensor Público do Estado do Tocantins (DPE-TO) e pai da Esther, que nasceu com hidrocefalia congênita e, como consequência, enfrenta desafios relacionados a deficiência física, intelectual, autismo e epilepsia.
“Eu não gosto de romantizar a situação. Se me perguntarem se eu gostaria que a minha filha fosse deficiente eu diria que não, mas ela é deficiente e eu, enquanto pai, busco todas as alternativas possíveis para diminuir as consequências e dificuldades a serem enfrentadas, sempre buscando a felicidade da minha filha e da nossa família”, disse. (Depoimento na íntegra)
Reconhecendo os desafios da parentalidade atípica
“Será que ela vai se adaptar bem na escola?”, “Vai conseguir fazer amizades?”, “E o futuro, como será?”, “Será que teremos recursos financeiros e tempo para os acompanhamentos necessários?”. Essas são apenas algumas preocupações de famílias que têm crianças com condições neurodivergentes ou atípicas. Além dessas, surgem dúvidas sobre os direitos que têm e como tornar o mundo mais acolhedor para suas crianças. (Estudo “Parentalidade Atípica com Foco em Neurodiversidade”)
O receio do desconhecido é totalmente normal. Quando nos deparamos com situações inéditas ou não temos pessoas próximas que passaram por experiências semelhantes, os primeiros momentos são desafiadores.
O diagnóstico de uma neurodivergência torna os receios ainda mais intensos. O preconceito, o medo de olhares na rua e a discriminação também são uma triste realidade enfrentada diariamente pelos pais.
Muitos pais de filhos atípicos precisam renunciar à idealização do filho perfeito e aceitar o filho real, com suas singularidades e necessidades específicas. Além disso, conciliar a carreira profissional com uma rotina que exige inúmeros cuidados, terapias, consultas médicas, exames e, em alguns casos, cirurgias, pode ser uma tarefa complexa. E, muitas vezes, lidar com a culpa, o medo, a insegurança, o cansaço emocional e físico tornam a jornada ainda mais assustadora.
Outra batalha é encontrar escolas que não apenas ofereçam vagas, mas que verdadeiramente pratiquem a inclusão e estejam dispostas a acolher e adaptar-se às necessidades dos filhos atípicos. Construir uma rede de apoio é essencial, pois muitos podem se afastar nesse momento crucial.
Essas questões adicionais demandam resiliência, paciência e amor incondicional por nossos filhos, mas também mostram a força e dedicação dos pais em busca de um futuro inclusivo e acolhedor para seus pequenos.
É importante lembrar que eles não estão sozinhos nessa jornada. Atualmente, existem grupos que podem auxiliar os pais que estão enfrentando a neurodivergência pela primeira vez.
