Um dos mitos que cercam a glândula tireoide é que ela seria a principal causa do aumento de peso. Na verdade, a diminuição de secreção de hormônio tireoideano é uma das causas menos importantes na patogênese da obesidade. Como o excesso de ingestão de hormônio de tireoide pode causar emagrecimento, muitos pacientes tomam erroneamente a medicação. Em alguns pacientes jovens o exagero na ingestão hormônio tireoideano pode levar a um aumento de peso paradoxal. É importante salientar que o hormônio de tireoide se tomado sem necessidade pode gerar osteoporose, arritmia cardíaca, queda de cabelo, entre outros problemas.
Muitas vezes o médico que não é especialista da área, pode equivocadamente diagnosticar o paciente como portador de deficiência de hormônio de tireoide porque o exame que detecta estas alterações (o TSH) é ultrassensível. Por outro lado, algumas pessoas podem apresentar o chamado hipotireoidismo subclínico, em que apenas a alteração laboratorial é detectada, e esta com o correr do tempo pode gerar sintomas como a depressão, principalmente em idosos.
Outra questão importante sobre o tratamento do hipotireoidismo é que a medicação deve sempre ser tomada em jejum, para melhor absorção e o paciente deve evitar trocar a marca do seu hormônio, porque podem ocorrer flutuações de dose no comprimido, conforme o fabricante.
A segunda causa de doença tireoideana mais frequente de visita ao consultório do endocrinologista é o nódulo de tireoide. Com o avanço tecnológico dos aparelhos de ultrassonografia, o diagnostico de nódulos e câncer de tireoide explodiu nos últimos tempos. Isto tem o lado bom, porque vários cânceres agressivos de tireoide são diagnosticados e tratados precocemente, e ruim por outro lado, porque vários nódulos ou cânceres que não provocariam nenhum malefício ao paciente são levados à cirurgia sem necessidade. Discussão semelhante ocorre nos diagnósticos ultra precoces de câncer de próstata.
Em resumo, o diagnóstico das doenças de tireoide, hoje em dia se tornou quase “epidêmico”, mas a decisão de tratar ou não a moléstia nem sempre é fácil. Por isso procure sempre seu endocrinologista.
Por: Dr. Maurício Hirata, Endocrinologia e Metabologia
Fonte: Estadão